domingo, 30 de dezembro de 2007

LIMPEZA URBANA?

MORADIA: Polícia agride moradores em ação de despejo de favela em São Paulo
por peruano — Última modificação 28/12/2007 22:00

Para sociólogo, ação faz parte de uma política de “limpeza urbana”
Para sociólogo, ação faz parte de uma política de “limpeza urbana”

JORNAL BRASIL DE FATO

Eduardo Sales de Lima
da Redação

Em clima tenso, parte dos 4 mil moradores da favela Real Parque, zona sul de São Paulo, sofreram uma violenta reintegração de posse no dia 11. Um grupo bloqueou, por algumas horas, o tráfego na pista expressa da Marginal Pinheiros, uma das principais vias da cidade.
“A favela, que não possui uma associação de moradores, foi cercada, e os policiais tomaram todos os becos. Derrubaram os barracos com todos os objetos dentro”, afirmou Paula Tanaka, integrante do movimento hip-hop.
Segundo ela, a prefeitura de São Paulo mentiu quando informou que teria enviado uma representante para entregar o documento de reintegração de posse e que os moradores não a teriam deixado entrar na favela. “Ninguém da prefeitura propôs uma alternativa de moradia às pessoas, que estão sendo mandadas a albergues”, denunciou Tanaka.
O terreno ocupado pelas famílias pertence à estatal paulista Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. (EMAE), que conseguiu na Justiça a reintegração. O mandado judicial foi expedido em 9 de novembro pelo juiz Edson Luiz de Queiroz, da 3ª Vara Civil do Fórum Regional de Santo Amaro.

“Limpeza Urbana”
Ao passo que a mídia corporativa destacava que a reintegração de posse e a manifestação dos moradores da favela Real Parque provocavam congestionamentos de mais de 30 km em toda capital paulista, o processo de reintegração se intensificava. A truculência da ação policial deixou diversos feridos com balas de borracha e estilhaços de gás lacrimogênio.
O bloqueio total da Marginal Pinheiros durou cerca de cinco minutos, tempo suficiente para que a polícia reagisse usando gás de pimenta. O capitão que comandava a ação negou a ocorrência de agressões e afirmou que o maior problema era a presença de mulheres e crianças. Gisele Vieira de Lima era um desses problemas do capitão. Foi ferida nas nádegas e na perna com balas de borracha e no joelho com estilhaços de bomba de gás lacrimogênio. Dentro da favela, os policiais alternavam momentos de ataque e de calmaria. De acordo com o sociólogo Tiarajú Dandréa, que estava presente no local, uma moradora da favela teve um aborto espontâneo em conseqüência da repressão policial.
Tiarajú seguiu com um grupo de moradores feridos da Real Parque até a Defensoria Pública de Santo Amaro para relatarem a repressão do Estado. Depois, foram até a 3ª Vara Civil do Fórum Regional de Santo Amaro para pedir um “ato desagravo” sobre a reintengração de posse e interromper a ação. Para ele, a ação faz parte de uma política de limpeza urbana, instituída pelo atual prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM, ex-PFL), sobretudo na região sudoeste da capital paulista.

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