quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Senador Suplicy visitou favela e pretende conversar com prefeito

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17/12/2007 - 13h51 - Atualizado em 17/12/2007 - 14h54

Senador Suplicy visitou favela e pretende conversar com prefeito.
Desabrigados fazem ato solene nesta tarde na Câmara Municipal.
Daniel Santini Do G1, em São Paulo entre em contato

Foto: Daniel Santini/G1
Daniel Santini/G1
Moradores que estão dormindo dentro de escola pedem que 'quarto' improvisado não seja retratado. (Foto: Daniel Santini/G1)

Parte dos moradores desabrigados na reintegração de posse da parte mais recente da Favela Real Parque, na Marginal Pinheiros, em São Paulo, estão dormindo na Escola Municipal de Educação Infantil Pero Neto, vizinha do terreno desocupado.

Colchões, colchonetes e tapumes foram colocados em uma das salas do prédio e 15 pessoas das cerca de 50 famílias desalojadas dividem o espaço. De acordo com o senador Eduardo Suplicy (PT), que neste domingo (16) esteve no local, a direção da escola autorizou a ocupação.

Na manhã desta segunda-feira (17), Suplicy entrou em contato com o secretário de Educação, Alexandre Schneider, para pedir que a diretora não seja punida por ter autorizado o uso de espaço sem ter consultado a coordenadoria regional de ensino. "Ela expôs que foi algo em uma situação de caráter emergencial. Não causou prejuízo a ninguém. Ela teve uma atitude solidária", resumiu Suplicy, que disse que a reação do secretário foi bastante positiva.

Após conversar com o senador, ele encaminhou um funcionário da coordenadoria regional para verificar a situação na escola. O G1 entrou em contato com a assessoria da Secretaria de Educação, que ficou de se posicionar sobre o caso. Como possível solução para as famílias que ficaram sem teto após a desocupação do terreno, os moradores pedem espaço em um posto de saúde que foi construído no local mas está desativado.

Suplicy pretende conversar com o prefeito Gilberto Kassab (DEM) e com os secretários de Desenvolvimento Social, Habitacão, Justiça e Segurança Pública. "O mais importante é que haja um diálogo prévio antes da remoção feita de maneira tão repentina. Temos que evitar que façam isso na fase 2 e 3 da desocupação da favela", diz o senador, que acredita que o acesso a crédito para financiamentos de imóveis para pessoas de baixa renda pode amenizar a crise de moradia na cidade.


Foto: Daniel Santini/G1
Daniel Santini/G1
O carpinteiro André de Melo Araújo, mais conhecido como cabelo, ficou sem nada após a reintegração de posse. (Foto: Daniel Santini/G1)
Dormindo na escola

Para o carpinteiro André de Melo Araujo, 26 anos, mais conhecido como Cabelo, dormir na escola foi a solução para não ficar na rua. "Estou desempregado. Sai para fazer um bico às 4h45 na terça-feira (11). Quando voltei, não tinha sobrado nada do meu barraco", lamenta, referindo-se à rápida ação de reintegração de posse coordenada pela Subprefeitura do Butantã.

O terreno foi desocupado por determinação judicial baseada em pedido da estatal estadual Empresa Metropolitana de Águas e Energia, proprietária do terreno. Pai, ele deixou a filha de dois anos com vizinhos, e arrumou um espaço entre os colchões da escola. "Está todo mundo dormindo junto. É o jeito. O bom é que somos unidos."

Outro ocupante da escola, o pintor William da Silva Prudencio, 27, viu seu barraco ser destruído. "Tentei subir para salvar minhas coisas, mas, depois daquela confusão, a polícia não deixou mais", lamentou. "Perdi tudo. Agora é melhor dormir na escola do que dormir na rua."

Foto: Daniel Santini/G1
Daniel Santini/G1
Funcionário da empresa contratada pela Emae ergue muro para tentar evitar que o terreno volte a ser ocupado. (Foto: Daniel Santini/G1)
Muros e vigias

Os dois barracos que haviam sido erguidos no terreno após a reintegração foram retirados e, nesta manhã, funcionários da empresa Reintegra levantavam muros para cercar a área. A Emae pretende deixar a área vazia e com seguranças para evitar novas ocupações.

Como alternativa para os que ficaram desabrigados, a prefeitura ofereceu vagas para parte das famílias em um hotel por 30 dias. Após o despejo, os moradores organizaram protestos em frente à Prefeitura, à Secretaria de Habitação e à sede da Emae. Um grupo procurou a Defensoria Pública e outro ficou de acionar a corregedoria da Polícia Militar para reclamar da ação de reintegração.

No dia, alguns chegaram a fechar a Marginal Pinheiros, provocando o pior congestionamento do ano de manhã na cidade. A polícia desocupou a pista utilizando bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral.

Na tarde desta segunda-feira (17) o grupo pretende seguir em dois ônibus para a Câmara dos Vereadores para um ato solene agendado para 15h.


Foto: Daniel Santini/G1
Daniel Santini/G1
Após a reintegração, garotos aprenderam a brincar no terreno vazio. Os destroços maiores de barracos e móveis foram retirados, mas ainda há muitos escombros no local. (Foto: Daniel Santini/G1)
URL:http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL222970-5605,00.html

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